segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Como crianças



Alors tu vois, comme tout se mêle
Et du coeur à tes lèvres, je deviens un casse-tête
Ton rire me crie, de te lâcher
Avant de perdre prise, et d'abandonner
Car je ne t'en demanderai jamais autant
Déjà que tu me traites, comme un grand enfant
Et nous n'avons plus rien à risquer
A part nos vies qu'on laisse de coté
Et mais il m'aime encore, et moi je t'aime un peu plus fort
Mais il m'aime encore, et moi je t'aime un peu plus fort

C'en est assez de ces dédoublements
C'est plus dure à faire, qu'autrement
Car sans rire c'est plus facile de rêver
A ce qu'on ne pourra, jamais plus toucher
Et on se prend la main, comme des enfants
Le bonheur aux lèvres, un peu naïvement
Et on marche ensemble, d'un pas décidé
Alors que nos têtes nous crient de tout arrêter

Il m'aime encore, et toi tu t'aime un peu plus fort
Mais il m'aime encore, et moi je t'aime un peu plus fort
Et malgré ça, mais il m'aime encore, et moi je t'aime un peu plus fort
Mais il m'aime encore, et moi je t'aime un peu plus fort
Encore, et moi je t'aime un peu plus fort
Mais il m'aime encore, et moi je t'aime un peu plus fort
Malgré ça il m'aime encore, et moi je t'aime un peu plus fort
Mais il m'aime encore, et moi je t'aime un peu plus fort

domingo, 29 de agosto de 2010

Carta do envelope preto


"Don't you know that I'll be around to guide you
Through your weakest moments to leave them behind you
Returning nightmares only shadows
We'll cast some light and you'll be alright
We'll cast some light and you'll be alright for now" 

Hoje completamos, eu e você, mais um daqueles dias de existência, existência simples, aquela que se percebe na mudança do calendário, aquela que percebemos no amadurecer dos olhos, no fim do equinócio, quando os dias eternos vão se fazendo mais claros e mais chuvosos aqui no sul, cada vez mais. Parece que foi outro dia quando tocou “Misread” na rádio do meu carro. Parece que foi outro dia que vi a 16ª curta do filme “Paris, je t'aime” e escutei estes versos: “Há momentos em que a vida exige mudanças. Transições, como as estações. Nossa primavera foi maravilhosa. Mas, agora o verão acabou. Perdemos o nosso outono e de repente está tão frio que tudo está congelando. Nosso amor hibernou e a neve nos surpreendeu.” Acho que foi “O Sonho” de Madredeus que me inspirou. Eu fico vendo sua seleção de músicas aleatórias e imaginando palavras. Como aquele dia no carro em que eu coloquei “Teardrop” pra você e depois você colocou “Korobushka” pra mim. Eu sei que poderia ter sido diferente. E se deu “tudo errado” foi de propósito. Olho pro céu e para as montanhas e vejo o temporal se aproximar. O vento e a brisa poderiam ter andado de mãos dadas por ai, mas foi de propósito. Sei que nada faz sentido e acho que não é mesmo pra fazer. “Há momentos em que a vida exige mudanças. Transições, como as estações.” Você insistiu. Esperei passar o tempo e o tempo não passou. É infinito. “Mas, agora o verão acabou.” Não sei ao certo o que você quis dizer com todas aquelas conversas. Só sei que atravessei a rua correndo e depois tive medo. Tivemos medo. “Perdemos o nosso outono e de repente está tão frio que tudo está congelando”, no silêncio. Talvez seja melhor assim. A noite chegou. “Nosso amor hibernou e a neve nos surpreendeu.” Adormecemos. Juntos. No sonho de Madredeus. E se não foi nada disso, foi significante o bastante para acelerar a respiração, viver dias intensos, caminhar ao sol, nos reinventar, sentir o amor, colorir sorrisos, experimentar novos momentos, sermos. Ao som de José González, “Crosses”, eu termino meus pensamentos...  14 de dezembro de 2009.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Essas terras lusitanas...

A areia, o mar e os ventos de Cascais...
Cá estou eu a ver estrelas e sinais.
Essas terras lusitanas
me contam muito mais...

Em Lisboa é tudo muito lindo, muito antigo, muito diferente... Para os portugueses tudo é longe. Os meios de transporte públicos mais comuns são o comboio (trem), o autocarro (ônibus), o elétrico e o metrô. Vê-se muitos barcos e caravelas. É comum tomar o café da manhã (chamado de pequeno almoço) fora de casa, nas padarias e pequenas vendas. No almoço se come algo bem leve e a refeição principal é o jantar. Um jantar típico português seria uma sopa de entrada, depois a salada, o prato principal (bife com ovo frito e batata ao molho de cerveja, humm) e de sobremesa o gelado ou os famosos doces com nomes cristãos dados pelas freiras criadoras dos doces antigamente (o pastel de Belém é realmente divino). O jantar mais típico que comi foi sopa verde com choriço, melão com presunto, bacalhau com natas e batatas fritas, salada, carne de porco com mexilhão, baba de camelo e gelado de morango, nata e manga. Pra beber, vinho branco, vinho tinto e água.No verão o sol se vai às nove e meia da noite. Acordar cedo aqui é 8 horas, 9 horas da manhã. 6 horas é de madrugada... As estátuas e monumentos estão por todos os lados. Muitos ainda são do Império Romano e as estátuas trazem figuras importantes, como o Marquês de Pombal, Pedro Álvares Cabral, Dons Joãos e Dons Manuels, Luiz de Camões,  Fernando Pessoa e outros escritores famosos, personagens dos Lusíadas, etc... Existem muitas casas de fado, que é a música típica portuguesa. Os pombos estão por toda parte, assim como as igrejas e mosteiros (O Mosteiro de Jerônimo é um dos mais bonitos em Lisboa). É comum ver as esferas anilares (símbolo que está na bandeira portuguesa) em muitos monumentos, jardins e nos mosaicos de calçada. Por causa da copa Euro, há bandeiras em quase todas as casas. Lembrancinhas? O famoso galo vermelho e preto, os pratos desenhados, as pinturas nos azulejos, camisas e postais. Ah, existe uma rixa entre o Norte e o Sul. São os “tripeiros” e os “mouros”. A linha divisional é Coimbra, a cidade Universitária. O chuveiro e o fogão sempre utilizam a energia a gás. Comer fruta aqui é muito caro, pois são todas importadas, exceto a laranja e o melão, que são plantados e colhidos aqui mesmo. Vê-se muitos carros bons nas ruas e quase todos são novos. Mercedes, conversíveis... e um bem pequenino, o Smart, fácil de estacionar em qualquer lugar. A água das torneiras é sempre potável e pode-se beber à vontade. Nos bares, cantinas e lanchonetes é comum deixar a disposição de todos jarras cheias de água e copos para beber. Nas auto-estradas paga-se sempre o pedágio (1,05 normalmente), ao contrário das rodovias, que são gratuitas, mas bastante cheias e mais perigosas. A velocidade máxima em algumas auto-estradas chega a 120km/h. Entretando são estradas muito boas e duplicadas, os motoristas sempre dão passagem. É comum as famílias de classe média e alta terem empregadas em casa, mas não são internas, ou seja, trabalham meio dia e depois vão embora. Os gelados (sorvetes) são muito bons. O mais caro e tradicional (Santini) é de dar água na boca. Por incrível que pareça os portugueses são muito mais impontuais que os brasileiros. Estão sempre atrasados... A União Européia foi realmente um impulso para o desenvolvimento português. Cá não existem favelas e a seguridade social é muito boa. O sistema de saúde público é razoável e as escolas públicas são ótimas. Têm-se escolas particulares e médicos privados também, mas toda a classe média consegue bancar tudo isso. O imposto sobre a renda gira em torno de 40% do salário, dependendo de quanto se ganha. Aqui é como no Brasil em termos de impostos e taxas. Paga-se taxa de luz, água, esgoto, imposto sobre a propriedade, seguro do carro, etc. O país está sob mudança de governo neste exato momento. O ex-primeiro ministro saiu para candidatar-se a primeiro ministro da União Européia. Férias portuguesas são na praia. O Algarve é o lugar mais visitado. As praias aqui são bonitas, mesmo as do Rio Tejo. Não há quiosques nem bares muito perto, mas tem sempre um vendedor na areia oferecendo os deliciosos Bolinhos de Berlim. Do Castelo de São Jorge em Lisboa avista-se toda a cidade. Pode-se ver também o Cristo Rei, uma imitação (barata) do nosso Cristo Redendor, bem ao lado da ponte sobre o Tejo que divide as terras por aqui. Nas festas de terras tem sempre a famosa tourada. Espetáculo um tanto estranho e emocionante ao mesmo tempo. Geralmente são 6 touros bravos. Para cada touro um cavaleiro. O ritual é mais ou menos assim: entra o cavaleiro, solta-se o touro, o cavaleiro tenta cansar o touro e fica a espetar lanças de metal no dorso do animal. Quanto menor a lança melhor o cavaleiro. Quanto mais perto da cabeça se espeta, melhor o cavaleiro. Depois de cansar bastante o touro, entram em cena 8 homens tipicamente vestidos, e formam uma fileira. Um dos homens provoca o touro de frente pra ele e quanto este vem em sua direção, ele pula na sua cabeça e se segura no chifre. Os demais vêm logo em seguida e se amontoam, até conseguirem parar o touro. Um deles vai por trás, segura no rabo do touro e num piscar de olhos, todos já estão longe dali e termina o espetáculo. Isso dura em torno de meia hora e faz-se o mesmo ritual com os outros touros. Depois da tourada tem sempre uma festa na cidade. Os portugueses também cobrem as ruas de bandeirolas e de ver parece mesmo um Arraial de São João. Agora lá vai um mini-dicionário das palavras mais usadas por aqui... celular = telemóvel, blusa de frio = camisola, alô = estou, entender = perceber, legal = giro, banheiro = casa de banho, machucar = magoar, crianças = miúdos, menino/menina = rapaz/rapariga, pão = cacete, fila = bicha. Portugal está enfestada de brasileiros. A música brasileira está nas rádios, o brigadeiro e o pão-de-queijo podem ser encontrados nas padarias, na televisão estão todas as nossas novelas, o guaraná está em quase todos os restaurantes, as pessoas usam sandálias havaianas e tomam caipirinha nas boates. O verde e amarelo são as cores da moda e para muitos portugueses o Brasil é um paraíso tropical (não só para eles, certo?). Nas grandes cidades a maioria das pessoas moram em apartamentos ou condomínios de apartamentos fechados; estes últimos têm área para jogar bola, jardim e piscina comunitária. A maioria das construções novas têm uma peculiaridade bastante interessante. As construtoras preferem construir vários prédios e casas iguais do que imaginar um novo design. Assim, para os olhos do estrangeiro brasileiro, as moradas são vistas em blocos, prédios que não têm ligação nenhuma de condomínio, mas são idênticos. O mesmo ocorre com as casas. Isso porque aqui é muito mais fácil comprar algo já pronto e aprovado do que elaborar um projeto novo e levar para aprovação. Neste exato momento escrevo de Cascais, cidade praiana, linda, linda, a praia do Guincho, a Boca do Inferno, os coqueiros e os faróis, as calçadas com barraquinhas, as ruas pequenininhas. Os portugueses são quase todos católicos. Ao se despedirem, até as crianças dizem “Vai com Deus”. Além dos brasileiros, Portugal é cheia de estrangeiros de todo lugar. Isso é bastante visível em Lisboa, principalmente no modo das pessoas se vestirem. Sintra é patrimônio mundial. Fica bem pertinho do Cabo da Roca, o ponto mais Ocidental da Europa. Possui castelos e palácios, mas é Óbidos a cidade medieval. Nas feiras que acontecem você se sente realmente na Idade Média. No Alentejo tive a oportunidade de comer os famosos caracóis e nadar no Açude do Gameiro. Ah, Sesimbra... o Castelo, o Cabo Espichel... caminhar entre as nuvens que parecem de algodão. Sumol, Totta, multibanco, Cascaishopping, vodafone, Banco Espírito Santo, carro conversível, Avaláxia, Estádio da Luz, docas, galo de barcelos, prato típico, velas de Fátima, Palácio da Pena, Castelo dos Mouros... Uma peça no Teatro Dona Maria, caminhar na rua Augusta, sobe e desce no elevador de Santa Justa, comprar pão na Álvares Cabral... este foi meu passeio aqui em Portugal.

A areia, o mar e os ventos de Cascais...
Cá estou eu a ver estrelas e sinais.
Essas terras lusitanas
me contam muito mais...*

*Escrito em 30 de julho de 2004

                                                                                          Óbidos (julho de 2010)


segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Konovalov


"É preciso ter nascido num meio culto para encontrar paciência e não desejar fugir, para um lugar qualquer, da esfera de todas essas penosas convicções legitimadas por pequenas mentiras envenenadas, da esfera dos amores próprios efêmeros, do sectarismo das idéias, de toda a sorte de dissimulação - em uma palavra, de toda essa futilidade que arrefece os sentimentos e corrompem o espírito. Eu nasci e me eduquei fora desse ambiente, e em virtude dessa para mim grata circunstância não posso ingerir-lhe a cultura em doses grandes sem que, passado algum tempo, sobrevenha premente necessidade de escapar do seu esquadro e refazer-me da exagerada complexidade e doentio refinamento de tal modo de viver."

Três gigantes da novela russa
Konovalov pág. 45 - Gorki