segunda-feira, 5 de março de 2012

Sobre o vazio

vazio é a ausência na presença
é a euforia sem cor
o fazer sem sentido
a alma sem porto
o belo sem gosto
é transbordar amor sem amor


é o destinatário sem remetente
a cegueira no clarão
é o possuir sem destino
é o vôo sem razão


é a indubitável vontade do imutável
é a invenção do querer que não se quer
a pretensão à incerteza interminável
a escravidão ao eu espelhado
e a espera eterna do que nunca será

4 comentários:

  1. Pra quem anda perguntando, fui eu quem escrevi esse texto, mas ele não representa, nem de longe, o que eu esteja sentindo. Fiz para outra pessoa, uma pessoa muito querida, por sinal.

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  2. Jussara e seus acariciados destinatários!
    Bonito! Espero que tenha sido LIDO no destino.

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  3. LIDO, APRECIADO, AMADO....

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  4. Seu texto é singelo e tocante. Gostaria de deixar, mais uma vez, registrada a minha apreciação. Parabéns!
    Alguém me disse: "Que a dor seja inspiração pra coisas bonitas". E de fato, você conseguiu isso. Transformar o depreciável em algo belo. Isso é sublime: esta emoção intensa que provoca paradoxalmente uma sensação atrativa e sedutora em mescla com o susto e a paralisação de terror.

    Avassalamento iminente...

    Lindo...

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