domingo, 8 de abril de 2012

Sobre o "seu mundo"

Da sala de estar já se sentia seu cheiro, embora fosse, talvez, da cigarrilha. Depois de um corredor escuro e sombrio, lá se encontrava "seu mundo". Um emaranhado de letras e melodias, filmes e nostalgia em forma de retrato. Pinduricalhos, como alguém diria, um instrumento musical (não, dois!) e, claro, tecnologia (em uso e estragada!). Uma raquete de tênis empoeirada, uma caixa enfeitada (coisas de ex-namorada!), um cinzeiro. Livros, milhares, roubados, ganhados e comprados. O marcador no Kundera. Skol. Cama sem fazer. Uma cadeira vermelha, desenhos. Cds de invejar qualquer colecionador. Um ventilador aposentado, que só fez falta por algumas horas, poucas das quais estive ali. O entardecer na Carlos Gomes veio logo com a vontade da lua aparecer (a que não te encanta!). Surpresas embrulhadas: a caixinha azul ao acaso (ao acaso?!), dentro dela o poema. E o Encontro Marcado, cujas primeiras páginas leu pra mim, quase em devaneio, tamanha satisfação! Da falta de som de verdade veio a ideia da pizza no supermercado. Rocky Balboa no talo! Da janela viu-se cultura: procissão da Semana Santa. Também não faltou política. Foi quando eu te pedi pra apagar a luz. Ao som das músicas proibidas conversamos mais um pouco sobre nada. Sonho de adolescente realizado. Você de olhos fechados, eu a te observar. Não fora a madrugada adentrando serena, teria ficado ali por muito mais tempo... tempo todavia  insuficiente pra tudo que se deseja viver nesse "mundo de meia-tigela inteira"... 


"Se tu vens às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz." - Saint-Exupéry

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Obrigado, Ju, pela tarde que não foi em Itapoã e pela noite que não pertenceu à Paris, mas que muito iluminou!
    E toma Kundera: "Só uma relação isenta de sentimentalismo, em que nenhum dos parceiros se arrogue direitos sobre a vida e a liberdade do outro, pode trazer felicidade para ambos".
    Muah!

    ResponderExcluir