"Era uma noite clara, de lua. Os dois foram conversando até o Parque. Havia muito sobre o que conversar, como falavam! Devassavam as razões da existência, descobriam a natureza íntima das coisas, tentavam penetrar no mistério do ser.
- Estamos imprensados entre estes dois acontecimentos: o nascimento e a morte. Temos apenas 60 anos para resolver o problema, talvez menos.
- Não há problemas: só há soluções.
- Só há uma solução: morrer.
- As nossas contradições. Vivemos segundo nossas emoções do momento, procurando localizar, descobrir uma constante e dizer: isso sou eu.
- Ninguém entende nada de nada.
Passaram pela ponte rústica, de madeira já podre, ganharam a ilha deserta, no meio do lago já seco. Havia uma touceira de arbustos, um banco de pedra, uma estátua de mármore pálida de lua. Sentaram-se no banco e se calaram, tentando entender o silêncio. As palavras tinham um sentido além delas mesmas. O silêncio seria, sempre, o único meio de entendimento perfeito.
- Eduardo.
- O quê?
- Estou com medo.
- Eu também." - O Encontro Marcado, Fernando Sabino, páginas 92 e 93.
"Há uma fresta em minha alma por onde a substância do que sou está sempre se escapando mas não vejo onde nem por quê" - p. 176
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